Os Ghedes dentro das crenças do Vodou/Voodoo
- DOCTOR WOLF.`.
- 17 de jun. de 2022
- 6 min de leitura
Atualizado: 20 de abr.
Texto de: Paulo Bulgarelli . `. (Doctor Wolf) (418)
Entre todos os espíritos (Loas, Lwas) servidos no Vodu dentro de um templo ou dentro de seu campo de atuação o cemitério, os Ghedes são os mais queridos e interessantes pois chamam bastante a atenção dos que se interessam pelo Vodou/Voodoo, engraçados e cheios de tracejos humanos e também com várias brincadeiras e obscenidades em posse deles, são um verdadeiro deboche à nossa existência á imagem e semelhança de "Deus", no bom sentido é claro isso também é bem simbólico.
Aqui é claro não consigo resumir em poucas linhas toda a riqueza e complexidade dos Ghedes dentro das práticas do Vodou/Voodoo, então tentarei falar de forma mais resumida se é que assim posso me expressar aqui.
A nação Ghede representa a morte dentro do Vodou/Voodoo, mas estão também relacionados (por extensão) à vida, à cura (ou causa) de doenças e ao sexo de uma forma geral se formos analisar em práticas dentro do Vodou/Voodoo.
Eu gosto muito dos Ghedes e isso é pode soar como uma qualidade ou defeito, mas tudo depende do ponto de vista, pois alguns vão preferir o lado de se trabalhar com os Loas em sua parte "Branca" de energias, e outros vão escolher trabalhar em sua parte "Negra" de energia, mas temos que intender que tanto dentro do Vodou/Voodoo existe estes dois polos e em todos os sistemas de magia de uma forma geral, e vamos desta forma intender que energias e a própria magia não tem cor.
Os Ghede pois desta forma são conhecidos por sua ousadia, são mestres em quebrar as regras e enfrentar o sistema de forma como um todo, eles gostam de chocar, quebram todos os tabus dentro das práticas do Vodou/Voodoo e dentro da sociedade comunidade como um todo. Listar aqui todos os Ghedes encontrados dentro do Vodou/Voodoo é de forma clara impossível, já que eles "nascem" aos milhares no reino de Bawon todos os dias, reino este que á cada dia que se falecem almas desta plano físico, elas renascem no plano espiritual de Bawon todos os dias.
Bawon Samedi em Vodou/Voodoo é o rei de todos os Ghedes existentes, sendo ele também um Ghede como listado na religião do Vodou/Voodoo. Dependendo da linhagem Vodu que ele é cultuado e analisado, aqui como exemplo aqui a Dominicana, por exemplo, o chefe dos Ghedes é Baron del Cementério (Barão do Cemiterio). Barão Samedi (ou Baron del Cementerio) tem sua rainha que é Manman Brigitte, uma bela mulher branca, que é sempre retratada com sardas de ruivos, olhos verdes, cabelos ruivos e com uma vestimenta gótica linda e maravilhosa de muito bom gosto, mas toda envelhecida pelo tempo como podemos analisar em várias imagens que foram delas criadas.
Considerando Bawon Samedi como o chefe supremo dentro desta hierarquia, divide seu reino com seus "irmãos" tais como exemplo: Bawon Simityè e Bawon Lakwa.
Enquanto Samedi representa todo o cemitério e tudo o que está nele de uma forma geral, como um reino completo por assim dizer para um modo de expressão para que possamos intender de uma forma mais "simplificada", assim seus "irmãos" possuem regência bem específica dentro de cada área em específico.
Bawon Simityè (Barão do Cemitério) é o dono de todo o terreno do cemitério, isto é, a terra que do cemitério, o terreno no qual ele foi feito o terreno como um todo. Toda a terra (a terra terrena) e a terra "astral" dentro do perímetro do cemitério pertence à Bawon Simityè. As tumbas, mausoléus ou sepulturas em sentido fisíco e "astral" pertencem a Bawon Lakwa (Barão da Cruz), e em alguns outros locais, seu domínio pode ir um pouco além destes aqui listados, sendo ele o dono dos ossos dos mortos ali enterrados ( mas veja bem não é uma regra fixada e rígida, pois estas crenças podem mudar de local para local ou de culto para culto do Vodou/Voodoo).
Devemos assim observar que em Vodou/Voodoo todo e qualquer cemitério tem seu Bawon Samedi, Simityè e Lakwa.
Em uma afirmativa mais tradicionalista primeiro homem iniciado no Vodu a ser enterrado em um cemitério se tornará um Bawon Samedi, e a primeira mulher nas mesmas condições será uma Manman Brigitte, isso sem contar o que muitos Houngans não passam para os de "fora" de seus cultos ou seja os não iniciados, pois isso é bem claro que muitos poucos conhecem alguns Loas que regem até mesmo a "entrada" antes da entrada no portões do cemitério, aqui me abstenho de falar mais sobre....
Em uma visão mais ampla e é claro fora do Vodou tradicionalista, e principalmente fora das regiões onde o vodu é uma religião comum ou seja fora de Haiti, podemos estender o significado para o primeiro homem e primeira mulher a serem enterrados em um cemitério serão Samedi e Brigitte ou, mais explicitamente, o primeiro homem ou mulher médium, com fortes laços espirituais, a serem ali enterrados, serão os Ghedes Chefes daquele cemitério.
Para que intendam em um grosso modo simplista, os Bawons funcionam como Juízes e também como Grão Mestres de uma hierarquia. Samedi e Brigitte cuidam dos outros Ghedes como verdadeiros pais que atuam nesta hierarquia. Nem mesmo os Houngans, Bokors e Mambos possuem muito controle sobre os Ghedes, isso é bem visível em festa dos Guedes em Haiti mas Samedi e Brigitte conseguem frear as atitudes deles de uma forma mais á não os deixar tão "brincalhões" acima do normal e nem tão agressivos por assim dizer.
Em uma visão mais esotérica para a análise disso tudo, longe dos sincretismos populares que muitos fazem com estes Loas, podemos dizer que Cada Bawon encapsula uma ideia ou verdade teúrgica relativa à morte por assim dizer dentro do plano "fisico".
Simitye (Cemitério) por conta própria não é um Loa dentro do Vodou/Voodoo como muitos podem pensar, mas sim um conceito representado pelo Loa conhecida como Bawon Simitye. Simitye é, na verdade, o lugar onde moram os ossos da morte ancestral como um todo. É o lugar das raízes de todas as raízes, o ponto em que a vida e a morte se esbarram e se trombam.
Agora quero que vocês Imaginem comigo aqui o seguinte:
Simitye como uma gigantesca energia de paz e reflexão que paira nos cemitérios sim isso mesmo de todos os cemitérios, independente se é um cemitério de Haiti ou local onde se cultua os Loas, ele vai estar lá.
Bawon La Croix (Lakwa, a cruz, o símbolo físico de duas coisas que se cruzam, como a vida e a morte o positivo e o negativo) é o lugar de descanso físico, a "cruz" – encruzilhada – através da qual todos os recentes mortos devem passar da vida anterior para a próxima e assim sucessivamente dentro de uma hierarquia espiritual.
Lakwa é a energia que fica nas tumbas, dentro dos caixões, que ajuda a decompor os corpos, vamos perceber que tudo isso é fisico e "espiritual" dentro das crenças do Vodou/Voodoo.
Bawon Samedi é o superintendente se é que assim pode-se ser expressado, o grande escavador que reside dentro dos portões do cemitério como um todo, os ossos dos mortos e a terra que segura os mortos dentro dele, dentro desta energia imensa que é o cemitério.
Então podemos de forma clara, entender aqui que Samedi é tudo o que se encontra dentro do perímetro de um cemitério em seu plano "fisíco" e espiritual, de uma simples pedra aos ossos de cada cadáver ali enterrado e disposto dentro desta grande energia que é o cemitério. Sendo assim os Ghedes, de uma forma geral para que intendam de uma forma mais simples, são os ceifadores dentro das crenças do Vodou/Voodoo, independente da causa mortis que vamos ter em vida "fisica", todos terminamos nos abraços dos Ghedes, nossa futura nova família em plano espiritual dentro dos cemitérios, quem tem ouvidos para ouvir que ouça!!!.
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Grato pela atenção e lhes aguardo, abraços á todos os praticantes de Hoodoo/Conjure!!!
Abraços á todos !!!
PAULO BULGARELLI. `. (DOCTOR WOLF) (418)
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